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sábado, 23 de julho de 2011

Manifesto de Gandhi sobre os judeus na Palestina

Manifesto de Gandhi sobre os judeus na Palestina
 

      Recebi muitas cartas solicitando a minha opinião sobre a questão judaico-palestina e sobre a perseguição aos judeus na Alemanha. Não é sem hesitação que ouso expor o meu ponto-de-vista.
     Na Alemanha as minhas simpatias estão todas com os judeus. Eu os conheci intimamente na África do Sul. Alguns deles se tornaram grandes amigos. Através destes amigos aprendi muito sobre as perseguições que sofreram. Eles têm sido os "intocáveis" do cristianismo; há um paralelo entre eles, e os "intocáveis" dos hindus. Sanções religiosas foram invocadas nos dois casos para justificar o tratamento dispensado a eles. Afora as amizades, há a mais universal razão para a minha simpatia pelos judeus. No entanto, a minha simpatia não me cega para a necessidade de Justiça.
      O pedido por um lar nacional para os judeus não me convence.
     Por que eles não fazem, como qualquer outro dos povos do planeta, que vivem no país onde nasceram e fizeram dele o seu lar? 
     A Palestina pertence aos palestinos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses. 
     É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico.
     O caminho mais nobre seria insistir num tratamento justo para os judeus em qualquer parte do mundo em que eles nascessem ou vivessem. Os judeus nascidos na França são franceses, da mesma forma que os cristãos nascidos na França são franceses. 
    Se os judeus não têm um lar senão a Palestina, eles apreciariam a idéia de serem forçados a deixar as outras partes do mundo onde estão assentados? Ou eles querem um lar duplo onde possam ficar à vontade? 
    Este pedido por um lar nacional oferece várias justificativas para a expulsão dos judeus da Alemanha. Mas a perseguição dos alemães aos judeus parece não ter paralelo na História. Os antigos tiranos nunca foram tão loucos quanto Hitler parece ser.
     E ele está fazendo isso com zelo religioso. Ele está propondo uma nova religião de exclusivo e militante nacionalismo em nome do qual, qualquer atrocidade se transforma em um ato de humanidade a ser recompensado aqui e no futuro. Os crimes de um homem desorientado e intrépido, estão sendo observados sob o olhar da sua raça, com uma ferocidade inacreditável.
     Se houver sempre uma guerra justificável em nome da humanidade, a guerra contra a Alemanha para prevenir a perseguição desumana contra uma raça inteira seria totalmente justificável. Mas eu não acredito em guerra nenhuma. A discussão sobre a conveniência ou inconveniência de uma guerra está, portanto, fora do meu horizonte. Mas se não pode haver guerra contra a Alemanha, mesmo por crimes que estão sendo cometidos contra os judeus, certamente não pode haver aliança com a Alemanha. Como pode haver aliança entre duas nações que clamam por justiça e democracia e uma se declara inimiga da outra? Ou a Inglaterra está se inclinando para uma ditadura armada, e o que isso significa?
     A Alemanha está mostrando ao mundo como a violência pode ser eficientemente trabalhada quando não é dissimulada por nenhuma hipocrisia ou fraqueza mascarada de humanitarismo; está mostrando como é hediondo, terrível e assustador quando isso aparece às claras, sem disfarces. Os judeus podem resistir a esta organizada e desavergonhada perseguição? Existe uma maneira de preservar a sua auto-estima e não se sentirem indefesos, abandonados e infelizes? Eu acredito que sim. Ninguém que tenha fé em Deus precisa se sentir indefeso, ou infeliz. O Jeová dos judeus é um Deus mais pessoal que o Deus dos cristãos, muçulmanos ou hindus, embora realmente, em sua essência, Ele seja comum a todos. Mas como os judeus atribuem personalidade a Deus e acreditam que Ele regula cada ação deles, estes não se sentiriam desamparados.
     Se eu fosse judeu e tivesse nascido na Alemanha e merecido a minha subsistência lá, eu reivindicaria a Alemanha como o meu lar, do mesmo modo que um "genuíno" alemão o faria, e desafiaria qualquer um a me jogar na masmorra; eu me recusaria a ser expulso ou a sofrer discriminação. E fazendo isso, não deveria esperar por outros judeus me seguindo em uma resistência civil, mas teria confiança que no final estariam compelidos a seguir o meu exemplo.

      E agora uma palavra aos judeus na Palestina:

     Não tenho dúvidas de que os judeus estão indo pelo caminho errado. A Palestina, na concepção bíblica, não é um tratado geográfico. Ela está em seus corações. Mas se eles devem olhar a Palestina pela geografia como sua pátria mãe, está errado aceitá-la sob a sombra do belicismo britânico. Um ato religioso não pode acontecer com a ajuda da baioneta ou da bomba. Eles poderiam estabelecer-se na Palestina somente pela boa vontade dos palestinos. Eles deveriam procurar convencer o coração palestino. O mesmo Deus que rege o coração árabe, rege o coração judeu. Só assim eles teriam a opinião mundial favorável às suas aspirações religiosas. Há centenas de caminhos para uma solução com os árabes, se descartarem a ajuda da baioneta britânica.
     Como está acontecendo, os judeus são responsáveis e cúmplices com outros países, em arruinar um povo que não fez nada de errado com eles.
     Eu não estou defendendo as reações dos palestinos. Eu desejaria que tivessem escolhido o caminho da não-violência a resistir ao que eles, corretamente, consideraram como invasão de seu país por estrangeiros. Porém, de acordo com os cânones aceitos de certo e errado, nada pode ser dito contra a resistência árabe face aos esmagadores acontecimentos.
     Deixemos os judeus, que clamam serem os Escolhidos por Deus, provar o seu título escolhendo o caminho da não-violência para reclamar a sua posição na Terra. Todos os países são o lar deles, incluindo a Palestina, não por agressão mas por culto ao amor.
     Um amigo judeu me mandou um livro chamado A contribuição judaica para a civilização, de Cecil Roth. O livro nos dá uma idéia do que os judeus fizeram para enriquecer a literatura, a arte, a música, o drama, a ciência, a medicina, a agricultura etc., no mundo. Determinada a vontade, os judeus podem se recusar a serem tratados como os párias do Ocidente, de serem desprezados ou tratados com condescendência.
     Eles podiam chamar a atenção e o respeito do mundo por serem a criação escolhida de Deus, em vez de se afundarem naquela brutalidade sem limites. Eles podiam somar às suas várias contribuições, a contribuição da ação da não-violência.
 M. K. Gandhi
Harijan, 26 de novembro de 1938
In M.K.Gandhi, My Non-Violence
Editado por Sailesh K. Bandopadhaya
Navajivan Publishing House
Ahmedabad, 1960

A POLÍTICA EXTERNA NORTE-AMERICANA

A POLÍTICA EXTERNA NORTE-AMERICANA
Para formular este subcapítulo, foram feitas leituras, em especial, do material bibliográfico de Eduardo Spohr. Segundo este, ao analisar a política externa dos EUA, percebe-se que o referido país, além de manter relações com Israel, também apoia regimes opressores, tanto na África, como na Ásia; e ainda promove golpes políticos na América Latina. Inclusive, a América Latina, nos últimos anos, tem se mostrado resistente a esse imperialismo. Em contrapartida, os EUA oprimem os sistemas econômicos de qualquer nação que possa vir a ser hostil aos seus interesses.
            O presidente George. W. Bush (pai), ao assumir a presidência dos EUA, bombardeou o Iraque sem um motivo aparentemente justificável. O interessante é que, durante a Guerra do Irã e Iraque, os EUA apoiaram Saddan Hussein. Mas três anos após, o governo de Bush liderou um vasto exército contra o mesmo governo de Saddan Hussein. Esse acontecimento ficou conhecido como a Guerra do Golfo. Entretanto, o Oriente Médio não foi o único palco de batalhas para os EUA: é importante citar o trágico incidente de Hiroshima e Nagasaki, no qual as bombas norte-americanas mataram milhares de “civis”. É necessário observar que não existia um exército japonês naquela cidade e, por isso, não havia justificativa para que os EUA lançassem a Bomba Atômica sobre ela.
Outro incidente que pode ser mencionado diz respeito à Guerra do Vietnã, em que os EUA são conhecidos como o terror na Ásia, durante a Guerra Fria. Cabe citar também o ocorrido do dia 11 de setembro de 1973, no Chile – local em que houve um golpe militar apoiado pelo departamento de Washington, levando ao poder o militar Augusto Pinochet. Esse foi um dos períodos mais brutais na história do Chile.
            Abaixo, exibe-se uma fala do jornalista australiano John Pilger:

O presidente Bush promete ler bem a Bíblia, e liderar a missão de criar sociedades livres, em todos os continentes. Entender essa mentira épica é entender a História. História chocante. História surpreendente. Uma história que explica como nós, do ocidente, sabemos muito sobre os crimes dos outros. Mas quase nada sobre os nossos. A palavra perdida é “império”. E o êxito americano reside em que nenhum país possa desenvolver-se, a seu modo, a não ser que esse modo coincida com os interesses dos Estados Unidos. O Império não tem nada a ver com liberdade. O Império é conquista e ataque. Controle e segredo.  Desde 1946, os Estados Unidos têm tentado derrubar mais de 50 governos. Muitos deles eram democracias. Durante esse processo, 40 países foram atacados e bombardeados. Causando a perda de inúmeras vidas. Durante minha vida, vários países da América Latina, foram atacados pelos Estados Unidos direta ou indiretamente. Colocando no governo ditadores ou lideres pró-americanos.
 (PILGER, Documentário Guerra à Democracia, 2007).

Nesse breve comentário, Pilger descreve a política externa dos EUA nas últimas décadas. Ele traz à tona, em seu discurso, os vários momentos em que os Estados Unidos da América realizaram verdadeiras chacinas para alcançarem seus objetivos. Cabe relembrar, então, o questionamento inicial: o que os Estados Unidos têm feito em relação à Questão Palestina nas ultimas décadas? E a resposta certa é “nada”. Pelo menos não nos quesitos éticos e diplomáticos, que o mundo globalizado tem ou, aparentemente, demonstra seguir. Os EUA querem mostrar ao mundo que seguem uma política baseada na palavra “DEMOCRACIA”.  Contudo, a Democracia não é bem aquilo que os EUA têm levado aos países de diversas regiões do mundo.  Como disse Pilger, a palavra imperialismo parece não fazer sentido quando se observam as políticas tomadas pelos EUA. Voltando ao Oriente Médio, é até possível mencionar que os EUA possuem uma obsessão por aquela região. Não é difícil perceber qual é o motivo que desencadeia isso: o Oriente Médio, hoje, tem as maiores fontes de petróleo do mundo. Levando-se em consideração a extinção dos seus recursos petrolíferos, os EUA precisam de alguém ou de alguma nação que defenda seus interesses dentro daquele território. Pode-se comparar isso com a cidade de Cuba há algumas décadas atrás, quando a mesma era um ponto estratégico da União Soviética para alcançar a América.
            Diante dessas pavorosas intervenções, a imagem “democrática” dos EUA já tem caído diante dos olhos de muitos ao redor do mundo, pois em vários acontecimentos é possível verificar pessoas que se lançam contra o governo dos EUA. Vale citar aqui alguns exemplos desses atentados contra os norte-americanos, não com o objetivo de simplesmente transformar o mundo um palco de terror, de forma alguma; mas, sim, com o objetivo de mostrar que existe algo errado e que muitos estão descontentes com a política externa dessa grande nação ocidental.
Sem dúvida, o maior atentado em defesa da causa palestina foi a maior tragédia da história das Olimpíadas: no dia 5 de setembro de 1972, na cidade de Munique, que estava servindo de sede para os jogos olímpicos, terroristas palestinos sequestraram e massacraram onze atletas israelenses (Figura 8). Diante do fracasso das forças alemãs, esse acontecimento ficou conhecido como “Setembro Negro”.
Figura 8: O fim do sonho olímpico, 5 de setembro de 1972, Munique (Alemanha).
No dia 18 de abril de 1983, a embaixada dos Estados Unidos, no Líbano, é explodida, sendo que dentre os mortos estava um diretor da CIA. Esse ocorrido, que foi assumido integralmente pelos integrantes da Jihad Islâmica, fragilizou as relações entre Washington e Beirute.

Caminhão-bomba em Beirute, 18 de abril de 1983, Beirute (Líbano)


Uma bomba instalada em um avião da empresa americana Pan Am, no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, pulverizou o jumbo que fazia o vôo 103. Os moradores da cidadezinha de Lockerbie despertaram com uma bola de fogo no ar e corpos queimados nos quintais. A Líbia só admitiu sua culpa anos depois.

 
Explosão no ar, 21 de dezembro de 1988, Lockerbie (Escócia)
Fonte:oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/12/21/lockerbie-marca-20-anos-de-ataque-bomba-em-aviao-587495462.asp

A explosão de um furgão, recheado com meia tonelada de bombas, matou e feriu americanos; causou 300 milhões de dólares em prejuízos e serviu de prelúdio para o maior ataque terrorista da História, em 2001. Foi a primeira grande ação dos radicais islâmicos no país mais rico e poderoso do mundo.

 
Violento prelúdio, 26 de fevereiro de 1993, Nova York (EUA).
Fonte: http://www.ibtimes.com/articles/141437/20110504/al-qaeda-a-notorious-history-of-death-photos.htm


O maior ataque cometido na América Latina pôs, no chão, uma associação judaica no centro de Buenos Aires. Anos depois, integrantes da rede Al Qaeda assumiram a autoria da ação, confirmando o temor em torno da suposta presença de radicais muçulmanos na tríplice fronteira com o Brasil e o Paraguai.


 
 
Ódio árabe na América do Sul, 18 de julho de 1994, Buenos Aires (Argentina).
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/2011/07/


No maior atentado terrorista da História, dois aviões – sequestrados por extremistas islâmicos – foram lançados contra o World Trade Center, em New York. Esse acontecimento marcou, de fato, a caça ao terrorismo mundial.

 
O império vulnerável, 11 de setembro de 2001, Nova York, Washington e sul da Pensilvânia (EUA)

            O que tem acontecido, dentro da limitação de Washington, configura-se como um crime em relação aos direitos de liberdade que sua própria Constituição estabelece. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, evidenciou-se que os EUA, embora seja o país com maior desenvolvimento tecnológico, ficaram imunes a um ataque terrorista dentro de seu território. É interessante observar que os autores desse atentado não utilizaram tecnologias de ponta, no entanto, os resultados foram mais catastróficos do que um exército propriamente dito.
Hoje, vive-se um momento de desmantelamento do Capitalismo em combinação com a Democracia, ou seja, países inteiramente abertos às demais nações, levam seus interesses à comunidade internacional, dando o primeiro passo para o fim da hegemonia unilateral Norte-Americana. De acordo com Hosbawm:

[...] Preocupações internacionais específicas desse período, que foi dominado pela decisão tomada pelo governo dos Estados Unidos em 2001 de afirmar uma hegemonia unilateral sobre o mundo, condenando convenções internacionais até então aceitas, reservando-se o direito de fazer guerras de agressão ou outras operações militares sempre que o desejasse e levando-as à prática.
(HOBSBAWM, 2007, p. 13)


O historiador Eric Hobsbawm, em seu mais recente trabalho historiográfico, descreve a situação dos Estados Unidos diante das relações internacionais, mostrando como tem sido a política externa desse país, que embora pregue o espírito de democracia, não o mantém dentro do seu governo de forma íntegra, revelando que não somente agora, mas durante todas as últimas décadas após a Segunda Guerra Mundial, o desrespeito aos demais países vem acontecendo.

Prof. Fernando G Lehnen
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